Quem já assistiu ao filme/documentário "Os reis de Dogtown" bem conhece o cara mais marrento, descolado e radical dos Z Boys, Jay Adams.
Muito criticado por suas atitudes rebeldes, por não se render aos patrocinadores, Jay teve uma vida extremamente complicada cheia de altos e baixos, vivendo sem rumo.
De um lado da rampa, Deus, a igreja e o amor familiar. Do outro, drogas pesadas, loucuras e a prisão, uma vida que Jay prefere deixar para trás. Caminhando com Jesus, escutando rock evangélico e tentando se redimir como Pai, Jay está vigiado em um regime semi-aberto, porém mais livre do que nunca – é o que diz ser o novo homem.
No mundo todo a única pessoa que não reconhece Jay Adams como uma lenda do skate é ele mesmo, mas antes mesmo de ser maior de idade, já corriam conversas de que ele era : “o melhor de todos”, “o mais espontâneo”, “a pedra fundamental do skate vertical”, “aquele que definiu o que é estilo em cima de uma pranchinha com quatro rodas”, e realmente foi.
Os Z Boys estavam em alta, todos os garotos queriam ser como eles e todas as garotas queria ter eles, então chega os patrocínios, fama, capas de revista. Tudo de uma hora pra outra. Stacy Peralta logo começou a fazer vídeos das primeiras competições radicais. Tony Alva, o único no mesmo nível de técnica de Jay, montou uma marca e criou uma personalidade ególatra, um rock star. Jay, aos 15 anos de idade, não entrou nessa, ele só queria ser livre.
“Não que eu não quisesse ganhar grana, mas não rolou. Skate era diversão pra mim. Não estava a fim de colocar um uniforme da Pepsi e fazer como eles queriam. Às vezes eu aceitava um patrocínio, mas pegava o dinheiro e sumia.” Aquele circo comercial todo, os deveres com o patrocinador, as agendas ficando apertadas... não fazia sentido. “Eu pensei que era melhor vender maconha. Só queria ser um cara de Venice, entende?” E discorda do filme de Stacy: “Me colocaram em um papel trágico, como se eu tivesse fracassado em algo. O que não diz é que eu fui um dos únicos que continuaram pegando onda e andando de skate. Eu fiz o que quis.”
Se o business não era a sua praia, as festas a que um “mito” tem acesso interessavam... e muito. Maconha já estava na rotina, álcool também. Logo um pouco de cocaína, depois um pouco mais... Até que... ele explica:
“O skate morreu de novo no fim dos anos 70. E o pouco dinheiro que eu tirava disso acabou. Então comecei a vender cocaína e fiquei um bom tempo assim, sem maiores problemas”.
Exceto um... Na saída de um show de punk rock, Jay arrumou briga com dois homossexuais. A pancadaria generalizou, e um dos rapazes acabou morto. Aos 19 anos, Jay passou seis meses preso por participar de um homicídio. Isso foi só o começo, a partir daí Jay se envolveu cada vez mais com o tráfico, seu irmão mais velho saiu da cadeia e ficaram muito próximos, os dois entraram forte no ramo dos entorpecentes, estavam morando no Havaí, e quando tudo parecia estar bem Jay recebe em casa a notícia de que seu irmão tinha sido assassinado pela máfia mexicana, por causa de dinheiro e cocaína. Seu pai e sua avó morreram em um espaço de seis meses. Jay se separou da mulher com seu primeiro filho, Seven, recém-nascido. E, para coroar a maré pesada, sua mãe foi morar com ele no Havaí. Ela estava com câncer, queria passar os últimos
dias com Jay. Tempos difíceis.
Nos 11 meses em que tomou conta da mãe, ele era encarregado pelas pílulas... que logo começou a usar também. Sob o efeito, sentia-se bem, não remoía a fase negra que vivia. Meio sem saber, ou sem pensar, Jay engolia com a mãe opiáceos, derivados de morfina. Assim que ela se foi, ele sentiu a primeira abstinência tremendo no sofá.
Jay resolveu se limpar, arranjou uma namorada, conseguiu a custódia do filho pela primeira vez, estava tudo indo bem, ficou muito feliz durante 3 meses, começou a frequentar a igreja...mas em um belo dia, antes do culto começar ele recebe um telefonema : “Tenho um monte de heroína pra vender. Quero que você prove pra mim”. Ele recorda: “Fiquei pensando: igreja ou heroína, igreja ou heroína? Eu fui com a heroína... Cara, que erro enorme”.
Viciado e vendendo heroína, em uma crise de ciúmes com a namorada ele é preso novamente, perde a guarda do filho e vai pra cadeia novamente.
“Foi a melhor coisa que poderia me acontecer. Nunca usei drogas na cadeia e isso salvou minha vida. Eu não fiquei deprimido preso, pelo contrário, eu senti que estava tudo bem.”
Ele saiu da cadeia e o filme de Stacy foi ás ruas. Logo outro telefonema o desvia novamente do caminho certo, um "amigo" queria levar uma carga de matanfetamina para o Havaí, Jay não se interessou mas indicou alguém que poderia fazer o serviço. Usou drogas novamente, outra namorada....
Voltou à igreja e para a ex-mulher. Limpo, surfando, se casou com ela em definitivo. Quando estavam esperando uma filha ainda na barriga, a vida no eixo, nenhuma recaída à vista enfim... a polícia bate à porta. A gentileza que havia feito um ano e meio antes, a conexão para a carga , lhe rendeu outros dois anos e meio na prisão, de onde saiu a pouco tempo.
"Eu realmente fiz uma conexão com Deus, e não sou apenas um cara que vai aos cultos. Eu estou comprometido agora.”
Como estilo é algo que, uma vez na rua, se copia, Jay sabe que representou um exemplo de juventude a não ser seguido. Mas seus planos são bem outros agora. “Se eu usar essa minha energia, que é muito extrema, para algo que não seja destrutivo e louco, posso fazer muita coisa boa. Quero explicar em aulas o mal que as drogas fazem. Que o que eu fiz foi por ignorância mesmo.” Ele é protagonista de um novo documentário, D.O.P.E., que relata a ascensão e queda de astros de skate, e vai usar sua não-buscada fama em campanhas antidrogas e cristãs.
Fonte: (Revista Trip)
Fiz um resumo a partir da matéria completa de 5 páginas da revista Trip, para ver na íntegra a história de Jay Adams
clique aqui.
Deus abençoe!
Bjs!